quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pierre Fix-Masseau

Nascido em 1905, foi um designer francês pioneiro na criação de cartazes no período da Art Déco. Seu trabalho revela fascinação pela alta velocidade e novas tecnologias que contextualizavam com as preocupações da época. Meios de transporte eram um dos mais recorrentes temas nos cartazes da Art Déco e o trabalho de Fix-Masseau não foge à regra: navios, carros e locomotivas estão constantemente presentes em suas obras. Sua filosofia artística se baseava na simplicidade e no uso direto e universal da linguagem, talvez uma das razões para seu sucesso no meio. Enquanto a Art Nouveau era caracterizada por redemoinhos e curvas, a Arte Déco era definida por formas geométricas e linhas retas que expressavam perfeitamente um dos foco desse novo movimento: a maquinização da sociedade. Fix-Masseau e outros artistas que se destacavam no ramo de cartazes da época como Rex Whistler e Cassandre, eram frequentemente contratados por empresas de transporte que buscavam promover seus novos serviços a partir do incentivo ao lazer e ao turismo.

“Exactitude” de 1929: A pintura, posteriormente transformada em cartaz a pedido de uma empresa francesa de estradas de ferro para ser usado em sua campanha promocional, descreve uma imagem de um trem em perspectiva que acaba de chegar na estação – o título e a precisão da imagem sugerindo que ele está chegando na hora certa. A imagem é típica do período, com linhas fortes, ângulos agudos e cores escuras que conferem movimento e imposição do trem no cartaz. Fix-Masseau seguiu produzindo uma série de cartazes para esta empresa que almejava promover o glamour e a velocidade da viagem de trem nessa época.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Aldolphe Mouron Cassandre


“Um cartaz, diferentemente de uma pintura, não é e nem deve ser, um objeto concebido para satisfazer uma demanda específica de determinado amante das artes. Ele é um objeto produzido em série, que possui milhares cópias, assim como uma caneta ou um automóvel. Da mesma forma, o cartaz é feito para satisfazer determinadas necessidades materiais, e deve ter uma função comercial. Eu não preciso destacar que minha principal e constante preocupação é a de me reinventar sempre. Muitas pessoas bem intencionadas me pedem para fazer cartazes no estilo de “Au Bucheron” como se eu estivesse livre para dar continuidade a um estilo de design uma vez que este possui boa aceitação e já está estabelecido! Tais reproduções estão fora de questão. Além disso, seria uma forma de suicídio do artista. Cada cartaz é uma nova experiência, ou uma nova batalha para se lutar. O sucesso não vem para o artista que tenta convencer por meio de palavras suaves, mas para aquele que o faz de forma violenta.”

A. M. Cassandre

(traduzido de http://www.cassandre.fr/)


Considerado por muitos críticos como o mais brilhante cartazista francês de sua época, Aldophe Mouron Cassandre viveu entre 1901 e 1968. Pode-se dizer que Cassandre começou sua carreira aos 14 anos como pintor, mas ficou mundialmente conhecido por seu trabalho com design gráfico na produção de cartazes e criação de tipografias. E é isso que lhe permite fazer as reflexões acerca desse trabalho no trecho citado acima. É interessante notar o modo como vê o design gráfico (“satisfazer necessidades materiais, e deve ter uma função comercial”), que além de bastante atual não o separa do fazer artístico.






O cartaz ao qual se refere, foi feito para a loja parisiense de móveis “Au Bucheron” , que significa “O lenhador”. Neste trabalho, Cassandre explora o nome da loja e o material de que são feitos seus produtos. As linhas diagonais, marcantes na imagem, podem ser vistas em vários de seus trabalhos e em de outros artistas do período. É uma imagem forte e expressiva de um lenhador em que se pode notar influências cubistas (geometrização das formas) e fauvistas (cores fortes e contrastantes). Nota-se também a presença de uma forma de um degradé que posteriormente também fez parte dos principais trabalhos de seus contemporâneos, e que hoje é considerado como característica da Art Déco.



Apesar de Cassandre negar a continuidade de um estilo de design previamente estabelecido, pode-se observar algumas características que marcam sua produção. O forte trabalho que faz com a tipografia e a forma como explora as letras e palavras é um bom exemplo disso. Em “Au Bucheron” (1923), a idéia explorada é a do nome da loja.


Em “Dubonnet”(1932), a palavra também é seu ponto de partida. “A idéia de satisfação vai se desenvolvendo à medida que o nome da bebida é articulado: DUBO (du beau, bonito, belo, agradável); DUBON (du bom, bom); DUBONNET (o nome completo, o homem completo, e a garrafa reaparece para tornar a encher o copo).” ¹


O cartaz criado para o aperitivo Pivolo também ilustra essa idéia. Este trabalho “teve origem no nome do produto – uma representação fonética de Et puis vole haut , um comando dado aos pilotos em fase de treinamento e que sugeriu ao artista a frase Pie vole haut (“a pega voa alto”). Por isso, essa ave tornou-se o motivo central do trabalho". ” ²





A industrialização e urbanização foram recorrentemente representadas nos trabalhos de Cassandre. É possível notar diversos ícones que remetem a essas idéias em seus cartazes, como a máquina a vapor e engrenagens. As linhas retas lembram a precisão de um objeto feito pela máquina.

¹ HOLLIS, Richard Design gráfico uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
² idem

Fontes de pesquisa:




http://www.cassandre.fr/
www.adcglobal.org/archive/hof/1972/?id=296
http://www.alquimiadigital.com.br/vosnier/text.htm

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Leonetto Cappiello


Apesar de ter nascido na Itália, foi na França que Leonetto Cappiello viveu a maior parte de sua vida e onde construiu sua fama e legado no meio dos cartazes. Frequentemente considerado “pai da propaganda moderna” devido às inovações que propôs no design de cartazes, Cappiello iniciou sua carreira como caricaturista ilustrando em jornais franceses da época, sem ter qualquer formação no campo da arte. Ele foi o primeiro cartazista a usar figuras arrojadas saindo de fundos pretos, um impressionante contraste aos modelos de cartazes anteriores. Sua percepção revolucionária na arte – uma percepção que ainda permanece como modelo para a propaganda contemporânea – é baseada no fenômeno de associação de imagem do cérebro humano. Ele foi o primeiro a deliberadamente unir um produto com uma imagem ou ícone de modo a causar um reconhecimento instantâneo por parte do observador. Consequentemente, quando um observador visse o ícone ele lembraria do produto. Cappiello foi também o primeiro cartazista a perceber que o transporte moderno tinha fundamentalmente mudado a maneira como as pessoas percebiam o mundo visual e que alguma coisa vista passando rapidamente em movimento poderia ser usado de forma associativa. Tendo antes registrado de perto uma imagem – como um pedestre registra – a mensagem de propaganda e o produto poderiam ser instantaneamente re-invocada por esse mesmo pedestre de dentro de um ônibus ou trem em movimento mesmo que por um simples reflexo da imagem, devido a suas claras e facilmente reconhecíveis formas e cores.



"A dinâmica que anima as composições de Cappiello surge da idéia e da representação que o artista escolhe para dar forma a elas. O mundo de Cappiello está em constante movimento... Animais estampados, pessoas, gênios e diabos bailam, saltitam e brincam. Mas o moviemento, é também a linha, suave e poderosa, que da propulsão ao cartaz e o torna cheio de vida."
Traduzido do Rejane Bargiel-Harry “Les dossiers d’Orsay Cappiello 1875 - 1942”

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Design e Política na década de 30.

Salut, mes amis!


A Politica está mais relacionada com o Design do que muita gente imagina:
Levando em consideração que o Design é "criação" do Homem e em certa parte reflete o ambiente e as cirscunstâncias em que ele vive, há muito o que se discutir na questão política.
O Socialismo, por exemplo, priorizava um Design mais simples e de baixo custo, visto que o sistema concentrava o capital nas industrias de base e mesmo que por utopia, era contra o consumismo. Mas isso é só um exemplo. O assunto predominante do Blog é tratar dos cartazes franceses da década de 30.
Nesse preceito, é necessário entender o contexto histórico da Europa nessa década.
Em 1930, 1 ano após a grande recessão, o continente europeu ainda se via "abalado" pelo que fora a 1ª Guerra Mundial. A crise econômica não afetou somente os Estados Unidos, mas os diversos países que dependiam financeiramente. Isso é o que acarreta o processo de globalização: a interdependência entre as nações. Foi a Era do Modernismo, incentivado por um governo que precisava se reequilibrar financeira e politicamente. Essa escola artística e literária carregava consigo suas inúmeras vanguardas. O naturalismo e o realismo dominaram a cena francesa tanto na pintura, no cinema e nas variadas manifestações artísticas.
O design de cartazes franceses baseava-se principalmente na técnica do contorno diagonal e visava a política pós-guerra e inspirava-se em elementos até como a Art Nouveau. Era preciso reanimar a Europa e o mundo. Afinal, desde muito cedo a Arte como um todo foi utilizada com propósitos políticos.
Nos paises europeus e posteriormente na Rússia, o Design refletiu mais do que tudo o aspecto sociopolítico do planeta.


Au revoir.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bienvenue!

L'art française tem por objetivo mostrar, comentar e analisar cartazes franceses das décadas de 20, 30 e 40, do ponto de vista do design gráfico. Neste período do século XX, houve vários movimentos na França, tais como o Surrealismo, o Art Déco e o Dadaísmo, que, apesar de surgir na Suíça, foi formado por artistas franceses e alemães.
No entanto, é difícil limitar tanto as datas de início e término desses movimentos quanto suas influências e locais de origem. Por isso, eventualmente, citaremos o Cubismo, o Futurismo e outras escolas de arte, por essas terem significativa importância nas análises de determinados cartazes.